domingo, 13 de setembro de 2009

adeus a dias

A menina dizia, a cada vez que o episódio se repetia, "olá, estranho".
Não posso dizer se estranho era eu, ou estranho estava eu. Ou então sei, de certa forma, que a figura no vídeo não se referia a mim, mas sim, à pessoa cujo poema que lia era dedicado. Já não posso me lembrar. O fato é que: De tempos em tempos, voltava àquele dia no leque aberto das minhas memórias. Aquele dia ora estranho, ora ordinário, mas que traz a sensação dentro de si. O dia não é um dia, mas um conjunto de dias que têm em comum a memória. Sinto falta de sentir falta.
Entre esses dias que formam o 'dia', estão aquele da prova de geografia impossível na 5ª série, aquele de ficar em casa a tarde toda, numa época do ano em que as tardes eram estranhamente roxas e frias, aquele em que passei na banca de jornais e parei para ler em um banco de praça e, especialmente, aquele da chuva, em que saímos na rua e corremos para lugar nenhum, até chegar.
Definitivamente, o estranho era eu.



"Hoje eu sei que nada nunca foi dito, e a manifestação desse nada veio através de palavras superficiais e conversas ramificadas e dúbias. Me permito, no entanto, manter essas imagens antigas longe do buraco-negro do esquecimento."

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